Presidente da Câmara de Santo Tirso, Joaquim Couto, recorda
O presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Joaquim Couto, lamentou hoje o desaparecimento do escultor Alberto Carneiro, o grande mentor do Museu Internacional de Escultura Contemporânea ao ar livre. “Era um visionário excecional, retilíneo e forte nas relações pessoais”, recordou.
Alberto Carneiro , um dos maiores artistas português do século XX, morreu esta manhã, aos 79 anos, no Hospital de S. João, no Porto. “A notícia foi recebida por Santo Tirso com grande consternação, porque Alberto Carneiro teve connosco uma relação de profunda afetividade. Nasceu no concelho [referindo-se ao período anterior à saída da Trofa do concelho de Santo Tirso], era uma pessoa com quem tivemos uma relação muito próxima. Foi o grande ideólogo do Museu de Internacional de Escultura Contemporânea (MIEC)”, reagiu o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso.
Foi em 1990 que Alberto Carneiro abordou Joaquim Couto, que nessa altura era também presidente da autarquia, com “o sonho genial” de fazer um museu ao ar livre com esculturas de todo o mundo. Volvidos 27 anos, o Museu Internacional de Escultura Contemporânea tem 54 obras dispersas por vários espaços públicos de Santo Tirso, sendo apoiado por um edifício sede da autoria dos arquitetos Álvaro Siza Vieira e Eduardo Souto de Moura.
A obra de Alberto Carneiro está representada na Praça Camilo Castelo Branco, onde o escultor tem “Água sobre terra” e “O barco, a lua e a montanha”, duas obras que integram o acervo ao ar livre do Museu Internacional Escultor Contemporâneo. Paralelamente, o escultor está representado na exposição ”Quinze Escultores”, patente ao público no edifício sede do museu até dia 28 de maio.Para Joaquim Couto, Alberto Carneiro “era pessoa muito inteligente e com uma visão de futuro. Era um visionário excecional, retilíneo e forte nas relações pessoais. Uma grande figura da escultura contemporânea do nosso tempo, que tem a sua obra espalhada pelo mundo”.
O presidente da Câmara de Santo Tirso lamentou que Alberto Carneiro – “uma pessoa muito simples, muito profunda, com uma jocosidade muito fina”, como descreveu – não tenha assistido “por dias” à adjudicação da obra relativa ao projeto Centro de Arte Alberto Carneiro, espaço que a Câmara vai edificar na Fábrica de Santo Thyrso, antigo complexo têxtil que foi alvo de uma requalificação.
“Depois de ter estado a decorrer o concurso público, a empreitada vai ser adjudicada dentro de dias. Queríamos que tivesse assistido pelo menos ao início de uma obra que o homenageia e cujo desenho e ideia acompanhou”, referiu Joaquim Couto sobre um projeto orçado em 1,3 milhões de euros, que deverá ser inaugurado no final de 2018.
Em abril de 2015, o artista plástico Alberto Carneiro entregou ao concelho 10 esculturas e 50 desenhos, numa doação avaliada em 1,5 milhões de euros, tendo manifestado intenção de aumentar o número de obras doadas.
Numa entrevista à Revista Municipal de Santo Tirso, no início de 2015, quando questionado sobre a sua afetividade a Santo Tirso, Alberto Carneiro respondeu: “Estou interessado em deixar a minha obra a Santo Tirso. O que está combinado é fazer-se um museu para a minha obra. Mas quero dizer que todo o meu trabalho é feito de graça. Ofereci o meu trabalho, porque achei que o deveria fazer”.