OMS enaltece importância dos municípios nas políticas contra malefícios do álcool

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Santo Tirso dá exemplo de resposta integrada

A resposta aos problemas associados ao consumo excessivo de álcool pode ser dada não só através das políticas governamentais, mas também pelas ações desenvolvidas pelos municípios. Foi desta forma que Carina Ferreira Borges, do escritório regional da Organização Mundial (OMS) para a Europa justificou a escolha do Município de Santo Tirso para debater a implementação do Plano Europeu de Ação para Redução dos Malefícios Associados ao Consumo de Álcool que arrancou esta segunda-feira no Museu Internacional de Escultura Contemporânea.

Apelando a todos para a necessidade de intervir num problema que causa “um milhão de mortes por ano”, Carina Ferreira Borges enumerou três dos principais problemas para os quais são necessárias políticas consequentes: a implementação de taxas sobre as bebidas alcoólicas, a limitação do marketing nas redes sociais e a imposição de mais limites à disponibilização de bebidas alcoólicas.

“Quando olhamos para a situação de Portugal, verificamos que existe mais espaço para a implementação destas três áreas específicas”, advertiu a responsável da OMS em Portugal, acrescentando: “Julgo que existe também vontade política. As áreas do marketing e do preço das bebidas terão um grande impacto em termos da redução da mortalidade ligada ao álcool e Portugal tem uma mortalidade que é importante e que precisa de ser mudada”.

“Temos hoje suficiente evidência científica que nos permite dizer que há coisas que têm de ser mudadas. Não podemos manter os mesmos discursos. Como aconteceu na área do tabaco, a partir do momento em que tivemos mais evidência científica mudámos. A mesma coisa terá de acontecer na área do álcool”, argumentou.

Exatamente na área da Saúde, como fez questão de sublinhar o presidente da Câmara Municipal, Joaquim Couto, na cerimónia de abertura da conferência da OMS, “Santo Tirso tem sido uma pedrada no charco”, nomeadamente com a implementação do Plano Municipal de Saúde e de cerca de 55 medidas de caráter social que visam aumentar a qualidade de vida da população.

Neste Plano Municipal de Saúde, como apontou, o Serviço de Coesão Social da autarquia trabalha em articulação com o Agrupamentos de Centros de Saúde de Santo Tirso, tendo um técnico de apoio aos doentes com problemas ligados ao álcool.

“A Câmara de Santo Tirso está atenta a este fenómeno e é por isso que tem no terreno um conjunto de medidas que pretendem combater as questões da dependência, nomeadamente do álcool”, enfatizou Joaquim Couto.

O acompanhamento de pessoas isoladas com problemas de alcoolismo inseridos no programa do Rendimento Social de Inserção (RSI), a cedência, sempre que necessário, de viaturas para transportes dos utentes para tratamento em comunidades terapêuticas ou unidades de desabituação, a atribuição de cartões multivantagens dos TUST para deslocação a consultas são algumas das ações que estão implementadas.

Relativamente aos números, a taxa de problemas ligados ao álcool no Município de Santo Tirso situa-se dentro da média nacional, muito embora a evolução da procura das primeiras consultas nesta área tenha vindo a diminuir a partir de 2015. Os utentes acompanhados pelas consultas são, maioritariamente, do sexo masculino com idade superior a 45 anos.

Este encontro para Consulta da Sociedade Civil Europeia acerca da implementação do Plano Europeu de Ação para a Redução dos Malefícios Associados ao Consumo de Álcool, no período 2012-2020, decorre até amanhã, terça-feira.  A conferência, a decorrer no Museu Internacional de Escultura Contemporânea, conta com a participação de 30 organizações nacionais e internacionais em representação de 15 países.

 

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