No âmbito do 26.º Congresso Nacional de Medicina Interna, que se realiza até domingo, no Altice Fórum Braga, em formato presencial e online, decorreu, hoje, a sessão “A Medicina Interna na Pandemia Covid-19”, onde foram analisados os dados de um inquérito a 85 diretores de serviço de Medicina Interna dos hospitais covid, feito um balanço dos últimos meses e falados dos desafios que se aproximam.
“A Medicina Interna demonstrou ser uma especialidade-chave na resposta hospitalar a doentes covid-19, tendo-se evitado a rutura do Serviço Nacional de Saúde, tal como quase aconteceu em países como a Espanha e a Itália”, afirmou João Araújo Correia, presidente da SPMI, com base nos dados do inquérito, realizado com o objetivo de avaliar o envolvimento dos internistas no tratamento de doentes covid-19 e da atividade exercida com doentes não infetados.
E salienta: “O facto de a Medicina Interna ser a especialidade base do Sistema de Saúde no Hospital (14% do total dos especialistas hospitalares), contribuiu para termos uma resposta rápida, organizada e competente, no nosso país”.
Como foi já referido, o inquérito foi dirigido a 85 diretores de serviço de Medicina Interna dos hospitais covid. A SPMI recebeu, 63 respostas, o que corresponde a 74% do total e as principais conclusões são:
- Foram 575 Especialistas e Internos de Formação Específica de Medicina Interna, os que integraram as enfermarias covid e as Unidades de Cuidados Intensivos, em todos os hospitais do país.
- Nos hospitais a lotação de camas de enfermaria covid disponíveis era de 1.963, verificando-se uma taxa de ocupação de 48,8%. Havia também 620 camas de Intensivos para doentes covid, sendo a taxa de ocupação de 31,6%.
- Em 65% das Enfermarias covid trabalharam em conjunto especialistas de Medicina Interna e muitos outros especialistas, enquanto em 35% a gestão foi integralmente assegurada por internistas.
- Os Serviços de Medicina Interna asseguravam o tratamento em simultâneo a 3.157 doentes sem infeção covid-19 (90% dos doentes habitualmente tratados).
A sessão “A Medicina Interna na Pandemia Covid-19” contou com a participação do orador Vítor Paixão Dias, diretor do Serviço de Medicina Interna do Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/Espinho e atual presidente da Sociedade Portuguesa de Hipertensão, que se debruçou sobre a reorganização dos serviços de Medicina Interna no contexto da pandemia. Joana Cunha, internista do Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, ocupou-se da reorganização, verdadeiramente notável, que teve de ser operada nos serviços de urgência, para que o atendimento dos doentes tivesse fluxos diferenciados entre doentes suspeitos e não suspeitos por infeção covid-19. A sessão foi presidida por Francisco Parente, diretor clínico do Centro Hospitalar e Universitário de Coimbra, e Anabela Oliveira, diretora do Serviço de Urgência do Centro Hospitalar de Lisboa Norte. Ambos realçaram o papel crucial da Medicina Interna na resposta à pandemia, sendo a única especialidade que ao mesmo tempo teve de arcar com a responsabilidade do tratamento dos doentes complexos, sem infeção covid, que continuaram a chegar ao hospital, a precisar de tratamento com qualidade e competência.