Município defende permanência do hospital de santo tirso no serviço nacional de saúde
A Câmara Municipal de Santo Tirso foi surpreendida pelas notícias de ontem, dia 8 de agosto, avançadas pelo Jornal de Notícias e pelo Jornal de Negócios, que davam conta da intenção do Estado de devolver dez hospitais às misericórdias, de entre os quais se contava o Hospital de Santo Tirso.
Recordamos que já em setembro de 2012 se noticiava a devolução de hospitais às Misericórdias, mas à data só se falava de cinco hospitais, sem existir qualquer referência ao Hospital de Santo Tirso.
O governo não ouviu a câmara municipal de santo tirso
Em todo este processo, com avanços aos “soluços”, a Câmara Municipal de Santo Tirso nunca foi ouvida, apesar de sempre termos respondido prontamente às solicitações do Ministério da Saúde, com quem temos colaborado em prol do serviço nacional de saúde pública no concelho de Santo Tirso.
Já em 2007 o município assinou um acordo de colaboração com a administração regional de saúde do norte (ARS-N) que não foi cumprido pela tutela. De facto, temos sido constantemente surpreendidos com os sucessivos recuos deste Governo face a decisões tomadas pelo anterior Governo, na área da saúde.
Veja-se o caso do novo edifício para a Medicina Interna, interrompida pelo atual Governo, negociado entre o então Secretário de Estado Adjunto e da Saúde, Manuel Pizarro, o então Presidente da Administração Central do Serviço de Saúde (ACSS), atual Secretário de Estado da Saúde, Manuel Teixeira, o então Presidente da Administração Regional de Saúde do Norte, Fernando Araújo, e a administração do Centro Hospitalar do Médio Ave (CHMA), que albergaria o internamento de saúde mental, o novo serviço de medicina física e de reabilitação, a unidade de oncologia e unidade de convalescença integrada na Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados. Nesta obra a Câmara Municipal de Santo Tirso colaboraria com a construção de um novo acesso.
O estado não tem cumprido com santo tirso
De realçar que o Hospital de Santo Tirso presta cuidados de saúde a uma população de mais de 110 529 habitantes – abrangendo os concelhos de Santo Tirso e Trofa – sendo que, na prática, serve ainda algumas freguesias limítrofes dos concelhos de Paços de Ferreira e Vila Nova de Famalicão.
O Hospital de Santo Tirso, integrado no Centro Hospitalar do Médio Ave, com sede em Santo Tirso, participa ainda na prestação de cuidados de saúde à população do concelho de Vila Nova de Famalicão, na estratégia partilhada de atividade entre as instituições que compõem o Centro Hospitalar.
Será que se pretende acabar com o Centro Hospitalar do Médio Ave? Será que se pretende concentrar todos os cuidados hospitalares da nossa região no Hospital de Vila Nova de Famalicão.
Ou será que se pretende retirar potencialidades aos vários hospitais da região, instalados em edifícios das Misericórdias (Santo Tirso, Barcelos, Póvoa do Varzim, Vila do Conde), para potenciarem e facilitarem a rentabilidade de um enorme edifício hospitalar construído por entidades privadas, iniciado e ainda não terminado, situado junto à A7? Porque será que dizem querer entregar o Hospital à Misericórdia de Santo Tirso e não fazem o mesmo no caso de Vila Nova de Famalicão?
Realçamos que a Câmara Municipal de Santo Tirso nada tem contra a Misericórdia, mas entendemos que esta Entidade não tem capacidade para gerir um hospital com a magnitude do Hospital de Santo Tirso. O Hospital de Santo Tirso está atualmente dotado com cerca de 400 técnicos de saúde (médicos, enfermeiros e outros trabalhadores) e só funciona assim porque tem o apoio e o financiamento do Serviço Nacional de Saúde público.
A Câmara Municipal manifesta a sua preocupação, mantendo uma posição inflexível contra a eventual devolução do Hospital de Santo Tirso à Misericórdia. Para a Câmara esta proposta insere-se numa estratégia de esvaziamento progressivo dos serviços públicos disponibilizados no Concelho.
Nos últimos tempos, paira sobre Santo Tirso a recorrente ameaça de encerramento de serviços. Já assistimos ao encerramento da maternidade. Conseguiu-se evitar o encerramento da Urgência, mas permanece a ameaça sobre o Hospital, o Tribunal, as Escolas, as Juntas de Freguesia, etc.
Há anos que a Câmara Municipal de Santo Tirso se mantém determinada na defesa da manutenção destes serviços essenciais à população, considerando inaceitável que seja tomada qualquer decisão sem se consultar os eleitos locais. Continuaremos a empreender esforços para a defesa do Hospital, dos serviços qualificados que presta e do acesso de toda a população ao Serviço Público de Saúde.