Alberto Costa entregou carta aberta à Ministra da Saúde

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ANA PAULA MARTINS COMPROMETEU-SE A AGENDAR AUDIÊNCIA

O presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Alberto Costa, deslocou-se esta manhã a Lisboa para entregar pessoalmente uma Carta Aberta à Ministra da Saúde.

Face ao silêncio de Ana Paula Martins, Ministra da Saúde, em relação à solicitação urgente de audiência, o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Alberto Costa, deslocou-se esta manhã a Lisboa com o objetivo de entregar pessoalmente uma Carta Aberta à Ministra.

Ao receber o documento em mãos na Assembleia da República, a Ministra comprometeu-se a responder ao pedido de audiência de Alberto Costa e a encontrar uma data para agendar a audiência.

Na Carta Aberta, o presidente relembra o lamentável contexto em que surge o documento. Em dezembro passado, o Governo celebrou um protocolo com a União das Misericórdias Portuguesas para retirar da esfera pública a gestão do Hospital de Santo Tirso, que integra a Unidade Local de Saúde do Médio Ave.

Foi imediatamente solicitada uma audiência urgente à Ministra por parte da Câmara Municipal, com o fim de esclarecer esta decisão inesperada do Governo.

Nas semanas que se seguiram, Alberto Costa reuniu com o Conselho de Administração da ULS Médio Ave, com os representantes dos profissionais de saúde e com a Misericórdia de Santo Tirso, tendo também entrado em contacto com os autarcas da Trofa e de Famalicão.

“Em todas as reuniões que realizei e contactos que estabeleci, ficou claro que ninguém conhecia os contornos da retirada da gestão pública a um dos dois hospitais da ULS Médio Ave”, assinala o presidente.

Desta forma, na Carta Aberta são endereçadas onze questões essenciais a Ana Paula Martins, reforçando-se que “as populações e os profissionais de saúde merecem respostas”. “O silêncio não pode ser a resposta para uma questão que atinge cerca de 250 mil utentes/habitantes dos Municípios de Santo Tirso, Trofa e Famalicão”, termina Alberto Costa.

Já a 12 de janeiro tinha sido aprovada, em reunião de câmara, a “Moção em defesa da gestão pública do Hospital de Santo Tirso”, documento que será apreciado e votado na próxima Assembleia Municipal.

A Carta Aberta segue em anexo na íntegra.

CARTA ABERTA À MINISTRA DA SAÚDE

Senhora Ministra da Saúde,

No dia 12 de dezembro de 2024, o Governo celebrou um protocolo com a União das

Misericórdias Portuguesas que visa retirar da esfera pública a gestão do Hospital de Santo

Tirso, uma das duas unidades hospitalares que fazem parte da Unidade Local de Saúde do

Médio Ave – a outra é o Hospital São João de Deus, em Famalicão.

Na cerimónia de assinatura do protocolo, o senhor Primeiro-Ministro tornou pública não apenas a intenção de retomar um caminho travado em 2015 como também assumiu que a senhora Ministra já estava a trabalhar na transferência de hospitais com algumas misericórdias.

No dia imediatamente a seguir, solicitei uma audiência urgente à senhora Ministra, com o

propósito de obter esclarecimentos sobre uma decisão que o Governo havia tomado de forma

surpreendente e sem qualquer tipo de diálogo.

Aguardei uma resposta, mas, apesar das minhas repetidas tentativas, dois meses passaram e

a senhora Ministra continua sem me receber.

Tomei, por isso, a iniciativa de realizar um conjunto de diligências no sentido de obter

esclarecimentos sobre o protocolo celebrado entre o Governo e a União das Misericórdias

Portuguesas.

A meu pedido, reuni com o Conselho de Administração da ULS Médio Ave, com os

representantes dos profissionais de saúde e com a Misericórdia de Santo Tirso, bem como

contactei os presidentes das Câmaras Municipais da Trofa e de Famalicão.

Em todas as reuniões que realizei e contactos que estabeleci, ficou claro que ninguém conhecia os contornos da retirada da gestão pública a um dos dois hospitais da ULS Médio Ave.

Em face do incompreensível e inaceitável desconhecimento existente em relação ao futuro

do nosso hospital, o que, como V. Exa. compreenderá, tem gerado instabilidade, ansiedade e

sobressalto não apenas nos profissionais de saúde como também nas populações abrangidas

por aquela unidade hospitalar, insisti repetidamente na necessidade de ser recebido em

audiência urgente.

Resultado da minha insistência? A senhora Ministra ainda não encontrou uma data na agenda

para me receber. E a senhora Secretária de Estado da Saúde esteve reunida, dia 30 de janeiro,

em Santo Tirso, com o Conselho de Administração da ULS Médio Ave a propósito da passagem

do hospital para a Misericórdia e nem se fez anunciar nem sequer me convidou ou para

participar na reunião ou, em alternativa, para reunir comigo.

Mais: no âmbito da visita à sede da ULS Médio Ave da senhora Secretária de Estado da

Saúde, foi comunicado ao Conselho de Administração que a devolução do hospital irá ocorrer

até 31 de março.

Esgotadas as tentativas institucionais de contacto, decidi escrever uma carta aberta à senhora

Ministra, na expectativa de que tão flagrante silêncio possa dar lugar a esclarecimentos sobre

uma série de questões que preocupam não apenas a mim, mas, acima de tudo, os profissionais

de saúde e os utentes da ULS Médio Ave, nomeadamente:

  1. Quais as razões técnicas que justificam a retirada da gestão do hospital da esfera

pública?

  1. Por que razão apenas o hospital de Santo Tirso, propriedade da Misericórdia,

deixará de ter gestão pública, quando o hospital de Famalicão está exatamente

nas mesmas condições, ou seja, faz parte da ULS Médio Ave e é propriedade da

Misericórdia de Famalicão?

  1. Pode garantir que os utentes não terão custos acrescidos com a retirada da gestão

pública do hospital?

  1. Pode também garantir que nenhum profissional de saúde perderá o emprego?
  2. Está salvaguardado o cumprimento do estatuto dos profissionais de saúde quanto

à sua progressão, valorização remuneratória e estatuto disciplinar?

  1. Que investimentos estão previstos para modernizar instalações e equipamentos e

ampliar valências?

  1. A referenciação dos doentes da urgência será realizada para que hospital?
  2. O acesso ao SNS através do INEM e dos bombeiros seguirá as mesmas regras da

referenciação, ou seja, os doentes serão encaminhados para o Porto?

  1. O hospital vai continuar a ter uma Urgência Básica?
  2. Em resposta a um conjunto de deputados, a senhora Ministra assumiu que qualquer

devolução de hospitais a misericórdias prevê a existência de um estudo, ainda em

desenvolvimento, que demonstre que a celebração do acordo diminui os encargos

globais do SNS em pelo menos 25%. Se o estudo ainda está em desenvolvimento,

por que razão já foi tomada a decisão de devolver o hospital até 31 de março?

  1. Por fim, como é possível ao hospital de Santo Tirso prestar melhores serviços de

saúde às populações de Santo Tirso, Trofa e Famalicão com um corte orçamental

de 25%?

As populações e os profissionais de saúde merecem respostas. O silêncio não pode ser a

resposta para uma questão que atinge cerca de 250 mil utentes/habitantes dos Municípios

de Santo Tirso, Trofa e Famalicão.

Atenciosamente,

Alberto Costa

Presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso

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