DESOBEDOC de regresso ao Porto entre 22 e 25 de abril

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O Desobedoc está de volta e regressa ao Cinema Trindade, no Porto, entre 22 e 25 de abril. O programa completo foi apresentado no dia 15 de abril em conferência de imprensa com a equipa responsável e com Catarina Martins.

“Nesta programação há documentários e filmes que falam sobre as guerras coloniais e sobre quem se levantou contra o colonialismo, e falamos também de temas que muitas vezes ficam esquecidos quando se comemora o 25 de Abril, por isso, falamos da enorme importância que os movimentos de libertação tiveram para que Portugal também pudesse ter democracia. Falamos das mulheres na guerrilha e também dos desertores, daqueles que se recusaram a combater uma guerra injusta e do papel que também tiveram na consciência política de um país que permitiu a luta pela democracia”, destacou Catarina Martins, na conferência de imprensa.

Nesta sua oitava edição – a sétima a ter lugar na cidade do Porto – o eixo de programação desenvolve-se à volta do “princípio do fim” do regime e o programa abordará as lutas antifascistas, a guerra-colonial e a luta anticolonial, com particular incidência em 1972, mas sem se limitar a esse ano sobre o qual passam agora cinco décadas. Outros temas relacionados com o 25 de abril ou com as lutas pela libertação estarão também presentes. Na programação, mais de duas dezenas de documentários nacionais e internacionais, além de uma seleção de curtas de animação.

O programa contará com uma sessão em torno de René Vautier, cineasta francês que realizou um dos primeiros filmes anticoloniais, em 1950, “Africa 50”, censurado em França, que será passado na mostra, acompanhado de “Salut et Fraternité”, documentário sobre o cinema comprometido de René Vautier que conta com a participação de cineastas como Jean Luc-Godard, Yann Le Masson ou Bruno Muel. Esta sessão será comentada por Olivier Neveux e Amarante Abramovici.

No sábado, dia 23, haverá uma sessão especial dedicada a Sarah Maldoror, poeta e cineasta francesa do movimento da negritude, uma das primeiras mulheres a dirigir uma longa-metragem num país africano, contando com a presença de uma das suas filhas, Annouchka de Andrade, na cidade do Porto para o Desobedoc.

Entre muitos outros filmes, o Desobedoc encerrará, como de costume, com um clássico que inspirou inúmeras lutas e ações de resistência noutros países: A Batalha de Argel de Gillo Pontecorvo .

Miguel Portas, Gisberta e Luísa Moreira homenageados

Miguel Portas, Gisberta Salce Júnior e Luísa Moreira serão também lembrados de formas diferentes na edição deste ano.

A Miguel Portas será dedicada uma sessão especial, no dia 24 de abril, quando passam dez anos sobre a sua morte, com um documentário sobre a luta do Sahara Ocidental, convocando-se vários testemunhos sobre o envolvimento do Miguel nesta e noutras causas, esta sessão contará com Catarina Martins, Marisa Matias, José Manuel Pureza e ainda Luísa Teotónio Pereira. Na apresentação da programação, Catarina Martins lembrou ainda que Miguel [Portas] “envolveu-se muito no direito do povo saharauí à sua independência, à sua autodeterminação contra a guerra, e lembramos que há muitas guerras hoje e ainda há guerras coloniais, que o Sarah Ocidental é uma colónia e é um povo que está a sofrer e que

não pode ser esquecido”.

Gisberta Salce Júnior, cujo nome foi finalmente aprovado pela comissão de toponímia da cidade do Porto no passado mês de março, será lembrada num filme de animação com vários testemunhos de quem a conheceu e de quem viveu por dentro os seus últimos meses, numa sessão em que essa curta

dará mote a um debate.

A programação de curtas para crianças (Desobedoquinho) homenageia Luísa Moreira, ativista cultural incansável, antiga diretora de cena do Rivoli, directora de produção do Teatro Helena Sá e Costa, fundadora do Instituto Nacional das Artes Circenses, militante do Bloco que nos deixou em 2020. O Desobedoc retomará uma programação sua, feita a pedido do Cinema Insuflável, que nunca foi exibida e que poderá agora ser conhecida e concretizada.

O Desobedoc terá 15 sessões, em duas salas, a sala Miguel Portas e a sala Três Marias, assinalando as “Novas Cartas Portuguesas”, terá pela primeira vez mais mulheres realizadoras que homens, fará também uma homenagem a Luísa Moreira e nele será também evocada Gisberta, a mulher trans

barbaramente assassinada no Porto.

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