Dias Mundiais (da Água, dos Oceanos e do Ambiente)

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Celebrada desde 1975, esta data constitui mais uma oportunidade para alertar para os sérios problemas ambientais com que se confronta o nosso planeta. Tal como tantos outros Dias Mundiais (da Água, dos Oceanos, do Ambiente…), este corre o risco de se tornar em apenas mais um em que se fala da necessidade de pensarmos nas questões do uso eficiente da água, da energia e dos recursos naturais. Mais um dia para lembrar a crise climática e as ameaças à biodiversidade.

Mas há muito que a Educação Ambiental e o reforço das aprendizagem para salvar este planeta deveriam deixar de ser meras recomendações e orientações ou simples efemérides de um dia. Há muito que elas deveriam ser consideradas urgentes para promover uma real e objetiva educação ambiental e levar todos os cidadãos ao compromisso de terem uma efetiva e concreta responsabilidade para adotarem comportamentos que potenciem um ambiente saudável, inclusivo e sustentável.

A Educação Ambiental é algo que deve começar bem cedo na vida das nossas crianças, quer no seio das suas famílias, quer na escola. O futuro do planeta e das suas vidas depende da capacidade de aprenderem a racionalizar os recursos e a contribuírem, com os seus pequenos gestos, para a luta contra as mudanças climáticas.

O facto de termos hoje mais de metade da população a residir em áreas urbanas, afastou-nos da Natureza, e quanto mais distantes do meio natural menos as pessoas se importam com a sua preservação e conservação. Em Portugal, assistimos ao aumento de pessoas a residir no litoral do país e nas áreas metropolitanas de Lisboa e do Porto. Este esvaziamento dos núcleos rurais gera perdas de serviços públicos (na saúde, na educação, na justiça), o peso político destas populações diminui com a consequente redução da sua representação parlamentar, mas também leva a uma progressiva escassez de oportunidades de emprego que faz aumentar ainda mais o despovoamento do interior. As preocupações políticas deveriam estar direcionadas para perceber que este movimento populacional tem consequências diretas no meio ambiente, uma vez que o ecossistema se ressente do abandono dos campos e das áreas florestais, da quebra na produção agrícola, do aumento do risco de incêndio e da perda de biodiversidade.

Esta situação conduziu-nos a uma realidade preocupante que tem a ver com o facto de termos hoje a maioria das nossas crianças cada vez mais longe de espaços rurais, a serem educados por adultos que maioritariamente perderam a noção de tudo o que o ambiente tem para lhes oferecer e por isso as nossas crianças não são estimuladas para saber valorizar o que é tão importante nas suas vidas, para perceberem que o futuro está no ambiente e que a sua qualidade de vida é proporcional à qualidade do meio ambiente em que vivem. As nossas crianças perdem a cada dia que passa o contacto com as serras, as planícies, os cursos de água, os animais. Não sabem de onde vem a sua comida, não assistem às transformações da Natureza a cada estação do ano, como se transformam os campos, como crescem as plantas, entre muitas outras coisas que vão perdendo irremediavelmente.

Cabe hoje à Escola a responsabilidade de ser o local onde a consciência ambientalista deve ser estimulada. As nossas crianças e jovens precisam de ser sensibilizados para os problemas ambientais, fomentando o seu interesse para ampliar os seus conhecimentos ecológicos, de forma a desenvolverem a vontade de ser parte da solução, para que seja possível a vida tal como a conhecemos. Sensibilizar as nossas crianças e jovens para o que os rodeia será o primeiro passo para que se envolvam no processo de proteção do ambiente. Fazê-los compreender que os atuais desafios ambientais precisam da sua participação e compromisso e que isso é hoje uma urgência. Tal como é uma urgência formar cidadãos atentos e informados, capazes de exigirem ao poder político uma efetiva mudança de rumo, e não meros discursos de ocasião. É por isso que a Escola deve ser, cada vez mais, o espaço por excelência da aprendizagem do significado de Planeta Verde.

É preciso perceber que evolução e desenvolvimento têm de ser cada vez mais sinónimos de consciencialização e de responsabilização de todos em geral e de cada um em particular na defesa do ambiente. Se este dia for um momento significativo de reflexão sobre tudo isto, já não será apenas mais uma inócua data comemorativa.

Isabel Souto – Professora

Dirigente Nacional do Partido Ecologista Os Verdes

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