Duas escolas, A Forave e a Escola Profissional Agrícola Conde de São Bento

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Uma forma trabalhadora para a indústria, a outra para o sector agrícola.

Não associaríamos imediatamente a primeira imagem à de uma escola. Há dezenas de pessoas que entram no recinto usando batas de trabalho cinzentas. Mas um segundo olhar faz notar que são adolescentes. E a algazarra que se instala, pouco depois, quando chega a hora do intervalo, dissipa as dúvidas. Esta é a Forave, uma das mais antigas escolas profissionais do país, instalada em Lousado, no concelho de Famalicão, bem no coração do Vale do Ave.

Foi criada em 1990, fruto de uma associação entre a autarquia, instituições locais e empresas aqui sediadas. A mais importante delas é a Continental Mabor, uma das grandes exportadoras nacionais, cujos administradores ainda hoje presidem à direção da associação que suporta a escola. “Desde sempre, a escola tem direcionado a sua oferta formativa para as necessidades das empresas”, explica João Vilaça, que pertence aos quadros de outra escola pública, mas dirige a Forave desde 2005.

Desde a fase de construção dos cursos, o trabalho é feito em proximidade com as empresas da região. Cerca de 20 são associadas da Forave e há perto de uma centena com que existem parcerias que permitem a realização dos estágios dos estudantes e que aqui têm um dos seus principais centros de recrutamento de mão-de-obra. Além disso, os próprios docentes da escola fazem estágios nas empresas “para se aperceberem de necessidades específicas do trabalho de cada uma”, explica o diretor.

Estão aqui 230 alunos, em três cursos – manutenção industrial eletromecânica, técnico de gestão e técnico de eletrónica e automação. Mesmo durante a crise, a Forave tem conseguido manter uma taxa de inserção dos seus diplomados no mercado de trabalho de 75%, acima da média nacional de 70%. Mas para isso muito contribuiu o novo curso de manutenção industrial, cujo primeiro ciclo conseguiu colocar rapidamente os alunos nas empresas. Já o curso de gestão está em quebra – perdeu 19 pontos percentuais em três anos, caindo para os 50%.

Grandes diferenças
A Forave e a Escola Profissional Agrícola Conde de São Bento, em Santo Tirso, distam menos de dez quilómetros. É uma viagem curta, mas as diferenças entre as escolas são substanciais. Desde logo na taxa de emprego, que aqui chega apenas aos 40%. Ainda assim, os resultados “têm melhorado” nos últimos anos e a recente atenção ao sector agrícola tem valido “um aumento de procura da escola”, segundo o seu diretor, Carlos Frutuosa.

A escola tem 260 alunos em quatro cursos – restauração, gestão do ambiente, indústrias alimentares e produção agrária, turismo e ambiente rural. Mas se tem um comportamento abaixo da média no que toca à inserção no mercado de trabalho, o mesmo não se pode dizer relativamente ao prosseguimento de estudos. Cerca de metade dos estudantes continua a sua formação para o ensino superior, mais do dobro da média nacional (20%), algo a que não será alheia a parceria com o Instituto Politécnico de Bragança para os Cursos de Especialização Tecnológica.

Esta escola agrícola é totalmente pública, tendo à sua disposição mais de 20 hectares da antiga cerca do Mosteiro de São Bento, que continuam a ser trabalhados todos os dias pelos alunos. O que produzem está disponível para venda ao público, na loja da escola. O estabelecimento de ensino está ali há cem anos e é apontado como uma mais-valia da candidatura do Mosteiro de Santo Tirso a património mundial, o que tem valido “uma nova atenção” na região, diz o diretor.

 

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