“o nosso centro é o aluno”, diz presidente da associação de pais da oficina .
Paula Andrade e Sousa tem 48 anos. É mãe de quatro filhos e é a primeira presidente da Associação de Pais da OFICINA. Nesta entrevista, concedida ao professor Ricardo Barros, salienta a necessidade de os pais estarem envolvidos no ensino dos filhos. “O aluno precisa de ter um ambiente familiar que encoraje a curiosidade e a criatividade e apoie, em tudo o que puder, a aquisição do conhecimento”
Quais os principais objetivos da Associação de Pais?
As associações de pais e encarregados de educação providenciam a maneira mais correta, leal e efetiva de levar a quem de direito as preocupações e as aspirações das famílias no que diz respeito ao percurso formativo dos jovens e à sua preparação para a vida futura. Assim, pode dizer-se que a sua principal utilidade e razão de ser é a auscultação dos pais, colhendo deles as suas aspirações, dúvidas, medos e incertezas, congregando e organizando para apresentar problemas e propostas concretas à Escola. Dito isto, a orientação primária da nossa Associação de Pais, o nosso centro de interesse, é o aluno como pessoa completa, cheio com carne, intelecto e espírito.
Como perspetiva o relacionamento com a Direção da Escola?
A ligação com a Direção deverá ser estreita e permanente e o intercâmbio de informação com o corpo docente e a restante equipa escolar tem que estar bem programada.
Quais as principais dificuldades que atravessam os alunos?
O sistema educativo do nosso querido país tem andado aos encontrões destes e daqueles, sem nunca encontrar um caminho coerente e congruente. Navegou sem bússola por um mar de interesses, umas vezes conduzido por pseudo-tecnicistas apaixonados pelo conceito económico da produtividade e outras por iluminados partidários da expressão plástica, bem-intencionados, mas inconsequentes. Passou-se dum sistema em que se investia muito em muito poucos para um outro em que se investe muito pouco em muitos. A isto chamamos “massificação do ensino” e ficamos por aí.
Porque acha que chegamos a este ponto?
Muito se tem falado sobre a crise de valores, mas, na minha opinião, o problema está na forma como estamos a apresentar o mundo às nossas crianças e jovens. Em vez dum mundo do “ser”, estamos a perseguir um mundo do “ter” e do “sentir”. E às vezes ainda fazemos pior: convencemos os nossos filhos que o seu “eu” futuro estará dependente daquilo que eles conseguirem acumular e experimentar. Em vez de Aconselhar, Ajudar, Avisar e Preparar estamos a Contaminar. Precisamos urgentemente de recuperar a santidade do sacrifício e o culto pela honradez. Construir
pessoas que buscam a verdadeira felicidade do dar e não a estúpida alegria da publicidade aos dentífricos.
Como nasceu a Associação de Pais?
O Diretor da Oficina, em reunião com alguns pais durante o ano letivo passado, comentou a necessidade de ter como interlocutora uma Associação de Pais, à semelhança do que já acontecia com as outras escolas do universo do Instituto Nun´Allvares. Como eu já tinha experiência associativa, pareceu-me que o desafio era aliciante, tanto pela oportunidade de acompanhar mais de perto a experiência escolar dos meus filhos como de contribuir para o melhoramento da relação entre os encarregados de educação e o corpo docente, com os consequentes ganhos de qualidade do ensino.
Os pais estão implicados no processo de formação dos alunos?
Claro que vou considerar a pergunta como apenas referindo o percurso formal de aquisição de conhecimentos em ambiente escolar. Assim, é minha firme convicção que os pais têm simultaneamente o direito e o dever, inalienáveis e constantes, de conhecer e controlar todos os aspetos da vida dos seus filhos. Isto desde que não sejam violados os direitos das crianças. Por maioria de razão, o aluno precisa de ter um ambiente familiar que encoraje a curiosidade e a criatividade e apoie, em tudo o que puder, a aquisição do conhecimento. Mas sem exageros e sem deixar que os pais tentem substituir o papel dos professores ou imiscuir-se neste.
Como mãe de um aluno da OFICINA, considera que a OFICINA foi a melhor opção para o seu filho?
Certamente. O ensino dito “normal” está completamente desfasado da realidade operacional da vida económica e social. A Oficina ministra competências intermédias, um arcaboiço de mais valias formativas que decerto irão fazer a diferença na vida pessoal e profissional dos alunos. Aqui está a grande vantagem do projeto pedagógico e operacional da Oficina. Para além da motivação adicional dos jovens que logo veem aplicações práticas para os conhecimentos que vão adquirindo, também pode ser seguido o seu progresso, fase a fase, consolidado e coerente.
Uma coisa que destacaria na formação da OFICINA?
Sinto que a principal preocupação da Oficina é a salvaguarda da dimensão do aluno como pessoa espiritual. Isso é muito importante porque nestas idades púberes é que são forjadas e definidas as personalidades, escolhidos os caminhos profissionais e alcançados os primeiros sucessos independentes. Neste período, todas as ajudas são desejáveis e a Oficina oferece garantias de idoneidade que os outros estabelecimentos não detêm.
Que mais-valia representa para si ter um filho numa escola católica com a matriz da Companhia de Jesus?
Como atrás aflorei, a pessoa multidimensional precisa de se desenvolver em ambiente estável e seguro. Em mar tempestuoso não há navio que encontre o rumo. A Companhia de Jesus, com a sua experiência de muitos séculos de ensino, dá-me a certeza de que ao meu filho serão sempre apresentados os factos da vida de forma consistente com a honra e a consciência que sempre têm demonstrado os jesuítas através da história. Os verdadeiros e únicos valores, aqueles que desejo que sejam as suas medidas de vida, só podem ser transmitidos por quem os vive. A vida do espírito é muito mais vulnerável do que a do físico ou do intelecto. Para florescer precisa de rega diligente e contínua.