Com a morte do Dr. Mário Soares, hoje ocorrida, desaparece alguém que sempre será recordado como uma das personalidades mais marcantes da história contemporânea de Portugal.
Ao longo de uma vida muito rica e multifacetada, o Dr. Mário Soares deixou uma marca profunda em todas as funções que exerceu, fosse na sua vida profissional, como advogado (em que se notabilizou na defesa dos perseguidos políticos), fosse na sua atividade política, em que merecem destaque o exercício de funções como Presidente da República durante dez anos e como Primeiro-Ministro de três Governos Constitucionais.
Mas, pese embora a importância institucional dos cargos que exerceu, onde naturalmente as atitudes que assumiu e as decisões que tomou não foram isentas de erros ou de polémicas, o Dr. Mário Soares deverá sobretudo ser recordado enquanto defensor da liberdade e da democracia. Foi em defesa da liberdade e da democracia que confrontou, corajosamente e sem receios, o regime do Estado Novo. Foi em defesa da liberdade e da democracia que enfrentou, com convicção, aqueles que, em 1975, atraiçoando o espírito do 25 de Abril, queriam implantar em Portugal um regime totalitário de esquerda. Foi em defesa da liberdade e da democracia que defendeu, com convicção, a indispensabilidade da participação de Portugal no processo de construção europeia.
Homem de profunda cultura e de convicções fortes, o Dr. Mário Soares lega-nos também um exemplo daquilo que deve ser um político em democracia: alguém que se bate até à exaustão pelas causas em que acredita, mas que sabe sempre fazê-lo com tolerância, com espírito de abertura e com a capacidade para construir os entendimentos que a defesa do interesse nacional exige.
Neste momento de luto e de profunda tristeza para todo um País, o Partido Social Democrata deseja endereçar as suas mais sentidas condolências à família do Dr. Mário Soares, em particular aos seus filhos e também ao Partido Socialista, de que foi fundador e secretário-geral durante mais de doze anos.