Fórum “Não ao Cartão do Adepto”

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A Claque Mancha Negra, afeta à Associação Académica de Coimbra, promoveu um Fórum “Não ao Cartão do Adepto”, no Estádio Cidade de Coimbra. O encontro contou com a presença da Claque Força Avense, e serviu para os vários grupos organizados de adeptos, afetos a clube da I e II ligas, CNS e dos Distritais, reiterarem o descontentamento com a criação do “Cartão do Adepto”, iniciativa promovida pelo Governo.

Comunicado:

“No passado dia 12 de Setembro teve lugar um fórum que contou com representantes de vários grupos organizados de adeptos, oriundos de vários pontos do país, de clubes da Primeira à Segunda Liga, passando pelo CNS e Distritais.
Esta iniciativa realizou-se sob o mote da mais recente medida repressiva implementada por este governo, o Cartão do Adepto.
Os vários grupos de adeptos presentes, num debate saudável e informativo, facilmente concluíram que estão, de forma unânime, contra esta medida, que a eles lhes diz diretamente respeito. Nomeadamente e sem excluir muitos outros efeitos negativos que a implementação desta medida traz, o fórum partilha as seguintes conclusões :

A) A impossibilidade de aquisição deste cartão a menores de 16 anos (curiosamente a idade a partir da qual se pode ser chamado a juízo por delitos penais) condena a uma morte lenta e dolorosa a mística do uso de uma faixa, ou o som do rufar de um tambor para as próximas gerações. Nunca, em tempo algum, podemos admitir que seja, mais uma vez conotada de forma negativa a liberdade de expressão de quem escolheu apoiar o seu clube de pé, e de bandeira na mão. Nunca poderemos conceber que nos é vedado entrar de mão dada com os nossos filhos ou irmãos no nosso sector, porque levamos um megafone na mão.

B) Oúnicocartãoquedeveserexigidoatodosnósésimplesmenteocartãodecidadão. Em momento algum deixamos de ser cidadãos deste suposto Estado de Direito Democrático porque temos um estilo de vida diferente de tantos outros cidadãos, e como tal, não é o uso de um tambor que nos faz ser portador de qualquer outro documento, que além de tudo, é pago dos nossos bolsos. A nós, a quem tantos sacrifícios já faz em prol do seu clube. É esta a democracia que nos rotula a todos indiscriminadamente?

C) Esta medida pode ainda ser vista como ineficaz e vazia. Não é o cartão que muda a
natureza do cidadão. Muito menos o sector onde escolhe apoiar a sua equipa. Ao invés, potencia que os grupos se espalhem pelos estádios, criando maiores riscos e problemas às forças de segurança. É contraproducente.
D) Ao criar várias zonas para vários adeptos, continuam a estigmatizar e a segmentar os adeptos. Criam-se adeptos de primeira e de segunda. Curiosamente os que nunca falham, os que fazem capas de jornais quando é conveniente e fica bonito… Esses são os adeptos de segunda. Os que através desta lei estão obrigados a uma identificação extraordinária. Rotulados e listados, como se de um perigo público se tratassem.

Esta lei atropela de forma violenta os mais básicos pilares do estado de direito em que, em teoria, vivemos. Liberdade de expressão, liberdade de associação, igualdade, acesso livre ao desporto.

Este grupo está ciente do quadro legal aplicável e dos mecanismos que tem ao seu dispor, enquanto Cidadãos. Teria sido mais fácil ao legislador que quer mesmo combater a violência no desporto, olhar para os melhores exemplos europeus e perceber que esta iniciativa já falhou em todos os países onde foi implementada. Apostar numa ideia testada e falhada só pode ser um fim. E o seu fim é o decréscimo de público nos estádios e a crescente ausência da cor, emoção e mística que a todos faz vibrar.
Da mesma maneira como aconteceu em outros países,este grupo que se juntou revelou estar unido e focado numa causa que lhes é comum, sem guerrilhas, sem rivalidades. Sem violência.

O presente comunicado é integralmente subscrito por todos os presentes, que dizem Não ao Cartão do Adepto.”

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