Inauguração da exposição individual de fotografia O Porto de Ricardo Fonseca

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Da cidade cheia de sorrisos e de gente sem artifícios, directa, unívoca. Da cidade surpreendente, inesperada, cheia de carácter – talvez especada num passado que teria de mudar, talvez sincera na roupa a secar e nas pessoas espantadas nas varandas. Da cidade porventura demasiado terra-a-terra, presa dos hábitos que existiam porque sim (ou aprisionada na teia das suas contradições e dos seus contrastes entre um passado que tardava em despedir-se e um final do século XX em que tudo começava a mudar). Da cidade, burguesa por essência e liberal por natureza, e ainda popular, operária, apegada ao trabalho na luta quotidiana pela sobrevivência. Da cidade canseirosa, dos bairros e das ilhas, das azáfamas e dos “barulhos” (assim se chamavam as zaragatas verbais, também conhecidas como “coças de língua”). Da cidade em que, tal como nas fotografias a preto-e-branco, a linha invisível que divide o bem e o mal estava claramente definida e todos a conheciam. Da cidade da poesia tranquila e da dignidade implícita.

Desta cidade cheia de ternura e de simplicidade, de sobrevivências solidárias, agires espontâneos, ofícios ancestrais, desta cidade emotiva e, aos nossos olhos cansados de realidades virtuais e paraísos artificiais, real, próxima, ao alcance das mãos na sua essencialidade fundamental, desta cidade imponderável, poética e quase sublime na sua humanidade ao nível do «rés-do chão», assim fotografada por Ricardo Fonseca, o que resta? Ou, colocando a questão de outra maneira: o que resta dela preenchendo a nossa apetência da fidelidade a um território de referências? (…)”

Natural de Baião. Licenciado em Economia pela Universidade do Porto. Profissionalmente já ocupou os cargos de presidência das seguintes empresas: STCP, Metro do Porto, APDL – Administração dos Portos do Douro e Leixões, SA e TDM – Televisão de Macau.

Desde os tempos de estudante que se dedica à fotografia tendo integrado os órgãos sociais da Associação Fotográfica do Porto, hoje extinta. Obteve vários prémios em concursos fotográficos tendo participado em várias exposições colectivas. Expôs individualmente por diversas vezes em Portugal e no estrangeiro, destcando-se Maputo, Bordéus, Vigo, Pequim, Pusan, Seul e Quioto. Participou na edição dos livros “Portugal e o Ambiente”, ”Reencontros – Portugal em Fotografia”, “Daqui houve nome Portugal”, “21 Retratos do Porto para o Século XXI” e “Porto – 100 anos com a Cidade”. É autor das seguintes publicações:

Imagens/Miragens – Livro sobre Macau com um texto de Cecília Jorge

A Cidade do Levante – Livro sobre Macau com um texto de Mário Cláudio

Oriente – Livro com o Oriente como tema com um texto de Mário Cláudio

Taipa e Coloane – Livro com imagens das duas ilhas e texto de João Carvalho

As Cinco Portas de Macau – Livro editado para representar Macau na Expo- 98, com texto de João Aguiar

Registos do Olhar – Coletânea de fotografias com texto de Mário Cláudio

É ainda co-autor do livro “450 anos de Memórias”, comemorativo da chegada dos portugueses ao Japão, com texto de Michael Cooper.

PRÓXIMOS EVENTOS ESPAÇO MIRA | MIRAFORUM

15 Novembro a 13 Dezembro 2014

“SUFOCO”

Exposição individual de Silvestre Pestana

28 Novembro 2014

Amanheceu enquanto conversávamos – inserido no programa “SUFOCO”

Conversa com Eduarda Neves, Casimiro Pinto, António Alves e Silvestre Pestana

13 Dezembro 2014

Performance “Drone V” por Silvestre Pestana – inserido no programa “SUFOCO”

 

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