João Correia volta às pistas

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O atleta João Correia, regressou há dias às pistas, quase 10 anos depois da última grande competição, com o sonho de continuar a impulsionar o desporto adaptado”.

“Foi bom voltar a sentir as sensações e o cheiro da pista. Foi diferente”, apesar de reconhecer que o objectivo de baixar dos 30 segundos na prova dos 100 metros T51, categoria reservada a atletas em cadeira de rodas e com lesões cervicais, não foi conseguido. João Correia voltou às pistas na quinta-feira, durante o Meeting Internacional de Santo António, que juntou no estádio universitário, em Lisboa, a alta competição do atletismo regular e do atletismo adaptado.

João Correia, que aos dois anos ficou tetraplégico devido a um acidente de viação, conquistou a sua primeira medalha internacional em 2003 num Campeonato da Europa, a segunda chegou em 2005.Um ano mais tarde, João Correia, que começou a praticar atletismo adaptado em 1991, aproveitando “uma cadeira que já ninguém usava”, e passou também pelo basquetebol, sofreu uma lesão na cervical, que acabou por alterar uma carreira que parecia definida.

A lesão, um deslocamento da primeira vértebra da cervical, foi estudada por especialistas em todo o mundo. “Os médicos questionavam-se como ainda estava vivo com uma lesão do género. Disseram-me que necessitava de uma descompressão urgente à coluna, mas que nunca tinha sido testada”, conta.

Mesmo sabendo que as suas hipóteses de melhorar “rondavam os 20 %” arriscou, submeteu-se a várias cirurgias, passou por longos períodos de fisioterapia e recuperação, que o deixaram muito tempo fora das pistas, mas não do desporto.

João Correia tornou-se numa figura de relevo no apoio ao desporto adaptado, nomeadamente através da colaboração com o Maratona Clube de Portugal, na organização e divulgação das provas em cadeira de rodas das meias maratonas de Lisboa e Rock ‘n’ Roll.

Foi também um dos principais impulsionadores do basquetebol em cadeira de rodas na Associação Portuguesa de Deficientes de Braga.“Há medalhas que ninguém vê, são aquelas que ficam só para nós”, confessa, garantindo que, independentemente do que possa voltar a conseguir nas pistas, a sua missão passa também por levar a todos a mensagem do desporto adaptado”.João Correia sabe que ainda “há muito trabalho a fazer” e lamenta, por exemplo, que “a maioria da comunicação social tenha divulgado todos os resultados do Meeting Internacional de Santo António, exceto os das provas de atletismo adaptado”.No entanto, admite que a integração do atletismo adaptado na federação portuguesa da modalidade “é um passo importante” nesse caminho de divulgação e inclusão.

 

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