Modatex, Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confeção e Lanifícios.

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Modatex, Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confeção e Lanifícios.

Captar jovens para a indústria e ajudar a reconverter os operários para a transformação digital, são as apostas do centro de formação do têxtil .

Porque a maior parte das profissões que hoje existem parecem estar condenadas, é preciso começar, desde já, a formar os trabalhadores do futuro e esse é um “enorme desafio” do Modatex, Centro de Formação Profissional da Indústria Têxtil, Vestuário, Confeção e Lanifícios.

“Diz-se que a indústria 4.0 vai acabar com 60% dos postos de trabalho e o sistema tem de amparar os trabalhadores nesse processo de aprendizagem.

É preciso começar a construir respostas desde já”, diz o novo diretor executivo do Modatex. “A história económica mostra-nos que quando os trabalhadores saem já não regressam ao setor.

Veja-se o que aconteceu com a adesão à Organização Mundial do Comércio e a abertura dos mercados. Dos 245 mil passamos para 130 mil trabalhadores, que hoje fazem mais e com maior valor acrescentado.

Mas não podemos perdê-los, até porque não faltam setores a contratar e que pagam o mesmo. Ninguém fica sem emprego, mas o setor perde experiência”, acredita José Manuel Castro.

O “ligeiro crescimento” do desemprego a que se assiste no Vale do Ave é o momento certo para atuar. “Precisamos de criar um modelo de formação que tire proveito desta disponibilidade de tempo por ausência de trabalho para fazer algum upgrade tecnológico a estas pessoas”, argumenta.

Defende a necessidade de uma “colaboração intensa” com o Instituto do Emprego e Formação Profissional, no sentido da partilha de recursos. Resultado da fusão de três centros de formação de outras tantas associações empresariais, o Modatex nasceu em 2011 com uma abrangência nacional – tem a sede no Porto, uma delegação em Lisboa e outra na Covilhã, e polos regionais em Barcelos, Vila das Aves e Santo Tirso -, mas com uma estrutura reajustada à nova realidade, ou seja, com menos 30% de trabalhadores.

Uma reestruturação “pacífica”, garante o responsável do Modatex que, em 2018, recebeu mais de 15 mil formandos aos quais assegurou cerca de um milhão de horas de formação nas áreas do têxtil, vestuário, lanifícios e confeção.

A conquista de jovens é uma grande preocupação. “A crise do têxtil deixou marcas muito significativas em muitas famílias e esse é um estereótipo muito pesado que a indústria ainda hoje carrega, às vezes quase de forma subliminar”, diz José Manuel Castro, que gostaria de lançar uma campanha de angariação de jovens, dando-lhes a conhecer o novo lado da indústria têxtil nacional, moderna, tecnológica, com futuro. E porque os salários também são importantes, dar-lhes a saber que o setor “paga menos bem nas profissões de base, mas que remunera bem os seus técnicos intermédios”.

O sistema de financiamento dos cursos também não ajuda, constituindo mesmo uma “grilheta”, no entender do diretor executivo do Modatex. “Não posso começar nenhuma ação sem o número mínimo de formandos que, em alguns casos, como sejam os cursos de aprendizagem, para os jovens dos 16 aos 24 anos, só podem arrancar com 25 alunos.

Isso não é consistente com a realidade atual das sociedades. O que acontece é que, muitas vezes, temos cinco muito interessados e quando arranjamos os restante 20 já esses desistiram”, lamenta José Manuel Castro, que defende uma menor rigidez na comparticipação da formação, argumentando que “é perfeitamente possível, do ponto de vista pedagógico, começar cursos com ritmos diferentes”.

No Porto há, ainda, cursos de design de moda, de três anos. “Há aqui um equilíbrio tenso. Somos um centro de formação público mas somos, também, uma escola de moda, de onde saíram os primeiros designers portugueses, nomes como Luís Buchinho, Nuno Gama ou Katty Xiomara, ou mais recentes como Carla Pontes e João Melo Costa, entre outros”, sublinha José Manuel Costa.

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