Dos Mundos Interiores tem texto e encenação de Luís Mestre e conta a história de uma mulher que se divide em duas para dialogar a solidão
Depois de Do Precipício Tempestuoso de Ricardo III, em 2013, Luís Mestre regressa à programação do Teatro Nacional São João para refletir sobre a ideia de solidão, desta vez no feminino. Dos Mundos Interiores é a nova estreia absoluta do dramaturgo e encenador e a primeira das sete estreias do TNSJ no primeiro trimestre de 2016. O espetáculo vai estar em cena de 15 a 24 de janeiro, na Sala do Tribunal do Mosteiro de São Bento da Vitória (MSBV), no Porto.
Em Dos Mundos Interiores, uma mulher decide abandonar uma festa dormente para conversar consigo mesmo – um “eu” que é, ao mesmo tempo, um “tu” – e tentar perceber as paixões avassaladoras, a saudade e a inquietação de não ser e de não pertencer. Na peça, a mulher – interpretada por Ana Vargas e Tânia Dinis – cita, aliás, passagens de Anna Karenina, a famosa personagem do escritor russo Liev Tolstói que se torna ansiosa, isolada, possessiva e paranóica à medida que o romance avança.
Luís Mestre designa Dos Mundos Interiores uma peça-epitáfio, ou seja, um breve elogio fúnebre: será aos “happy endings” das histórias da cultura popular que dizem que as mulheres devem procurar um final feliz para si próprias ou será à ideia de que a solidão significa fragilidade? O espetáculo é também uma metáfora sobre os caminhos sinuosos do ato de escrever em que o processo de procura é sempre inacabado e onde “o fim se transforma inevitavelmente num começo”.
Dos Mundos Interiores é uma coprodução Teatro Nova Europa – projeto de autores contemporâneos criado, em 2004, por Luís Mestre – e Teatro Nacional São João e tem apoio das Visões Úteis e do Teatro Íntimo. O espetáculo pode ser visto à quarta-feira, às 19h00, de quinta-feira a sábado, às 21h00, e domingo, às 16h00. A peça é para maiores de 16 anos e os bilhetes custam dez euros.