Movimento A Escola é Pública quer “bazuca” europeia a requalificar escolas do país
MAEP denuncia substituição de coberturas de fibrocimento e colocação de telhados novos em estruturas de madeira podre com mais de 30 anos. Movimento quer parte do dinheiro da Europa investido na Educação das gerações mais jovens e acabar com escolas degradadas no país.
O Movimento A Escola é Pública (MAEP), movimento nacional de alunos, professores, funcionários e encarregados de educação formado para defesa da Escola Pública, reivindica um programa nacional de requalificação das escolas com recurso a fundos da “bazuca” da União Europeia.
Para André Julião, dirigente do MAEP, “não faz sentido, em pleno século XXI, haver problemas de climatização nas escolas, com alunos a terem de levar mantas e luvas para as salas de aula, um problema agravado pela necessidade de arejamento dos estabelecimentos escolares por causa da pandemia”.
“Escolas há que não têm refeitórios, pavilhões desportivos ou salas de convívio, só para referir algumas das lacunas estruturais dos nossos estabelecimentos escolares”, acrescenta.
Além disso, “de nada serve haver um programa nacional para a remoção do amianto, quando as novas coberturas são colocadas em cima de estruturas a ruir, muitas com várias décadas, feitas de materiais degradados e sem condições”, defende o responsável.
Recorde-se que em várias escolas, como a EB 2,3 Mário de Sá Carneiro, em Camarate, concelho de Loures, as novas coberturas que vão substituir o fibrocimento entretanto removido “estão a ser colocadas em pavilhões de madeira com mais de 30 anos, sem o mínimo de condições para a comunidade escolar”, denuncia André Julião
No passado dia 29 de abril, estudantes dos ensinos básico e secundário concentraram-se em frente ao Ministério da Educação, num protesto contra a falta de condições nas escolas, agravada pela pandemia de covid-19.
A iniciativa, promovida pelas associações de estudantes da Escola Artística António Arroio e da Escola Secundária de Camões, foi motivada por problemas identificados pelos alunos, como a falta de professores e funcionários nas escolas e a degradação das infraestruturas.
Os representantes dos estudantes referiram ainda o elevado número de alunos por turma, a presença do amianto em algumas escolas e outros problemas infraestruturais.
“O próprio ministro da Educação admitiu, no passado dia 23 de abril, que teve de fazer cerca de mil intervenções em escolas quando apenas tinha planeado 500 quando entrou em funções, o que diz bem do atual estado dos equipamentos escolares públicos em Portugal”, justifica o dirigente do MAEP.
“Se vai haver dinheiro oriundo da União Europeia para investimento, então que uma parte dele seja utilizado para investir na Educação das gerações mais novas, requalificando as escolas que estão em mau estado e não oferecem garantias de aprender e ensinar com o mínimo de qualidade”, defende ainda André Julião.