O abandono escolar diminuiu, em 20 anos no ensino básico

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Os dados, que se reportam ao abandono escolar e à escolarização em Portugal, entre 1991 e 2011, constam do «Atlas da Educação», um trabalho que está a ser realizado pelo Cesnova – Centro de Estudos de Sociologia da Universidade Nova de Lisboa.
Os primeiros resultados do estudo, uma espécie de retrato da escolarização em Portugal, são hoje apresentados, em Lisboa, na «3.ª Conferência Empresários Pela Inclusão Social (EPIS) – Escolas de Futuro: Dar Esperança a Todos os Jovens».
Em declarações à agência Lusa, o coordenador do estudo, David Justino, explicou que o «Atlas da Educação», com conclusão prevista para este ano, vai permitir identificar «as zonas, os concelhos, as freguesias» do país «onde o fenómeno» do abandono e do insucesso escolar é mais denso», possibilitando à EPIS «planear a sua intervenção».

A associação EPIS foi criada em 2006, por um grupo de dez empresários e gestores portugueses, tendo como missão o combate ao insucesso e abandono escolar.
Para o ex-ministro da Educação, «ainda que o fenómeno seja o mesmo, as razões que levam ao abandono e à baixa escolarização são muito diferentes», pelo que «se pretende não só combater a dimensão do fenómeno, mas a sua natureza».
De acordo com David Justino, o ponto «mais preocupante» que o estudo revela é «a forte carência» de população, escolarização e competência nas regiões do Interior, que «lhes retira capacidade de regeneração, capacidade de poderem dar a volta aos problemas», conduzindo a um abandono escolar «mais acelerado».

«As zonas do Interior, junto à raia, estão não só em risco de desertificação, mas também de desqualificação», apontou.

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Concelhos com escolarização mais elevada evoluíram mais

O estudo demonstra também, segundo o coordenador, David Justino, que «os concelhos que, geralmente, têm taxas de escolarização mais elevadas, são aqueles que evoluíram mais, em especial as zonas da periferia das grandes cidades, nomeadamente Lisboa e Porto».
Contudo, o ex-ministro da Educação realçou o progresso «excecional» das regiões do Vale do Ave, do Vale do Sousa e do Baixo Douro, «que eram conhecidas há 20 anos, por terem elevadas taxas de abandono escolar, muito relacionadas com a inserção precoce no mercado de trabalho, com o trabalho infantil».
David Justino, consultor da Casa Civil da Presidência da República para os Assuntos Sociais, salientou que o abandono escolar «é quase residual» entre as crianças dos 10 aos 15 anos, que deixaram a escola sem o 3.º ciclo do ensino básico completo, incluindo os que nunca o frequentaram, tendo a taxa caído de 12,6%, em 1991, para 1,7%, em 2011.

Mesmo assim, Gavião (4,97%), São Vicente (4,88%) e Idanha-a-Nova (4,68%) são três dos 25 municípios que apresentavam, em 2011, a mais elevada taxa de abandono nos nove anos de escolaridade, então obrigatórios, superando a média (1,7%).
Já a Golegã (0,31%), Vouzela (0,31%) e Cadaval (0,36%) são os três de 25 concelhos com melhores índices.
Quanto ao abandono escolar nos jovens, entre os 18 e os 24 anos, que saíram da escola sem o secundário completo, incluindo os que nunca o frequentaram, a taxa «é elevada», de acordo com o coordenador do estudo, não obstante ter diminuído «praticamente num terço», de 63,7%, em 1991, para 27,1%, em 2011.
Corvo (59,09%), Ribeira Grande (56,02%) e Lagoa (52,40%) lideram a lista dos 25 concelhos que, em 2011, tinham a taxa de abandono escolar no secundário mais alta, ultrapassando a média (27,1%).

 

 

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