Esta frase, do Diretor-geral da Organização Internacional do Trabalho (OIT) poderia referir-se à situação do emprego no mundo e na Europa. Na UE o desemprego atingiu 10,2% em 2014, 3 p.p. acima do nível verificado em 2007.
Contudo, Guy Ryder referia-se à deterioração do meio ambiente e às alterações climáticas. Na última década, a desregulação do clima tem provocado sérias rupturas na atividade económica ao destruir empregos e bases de sustento das comunidades numa escala nunca antes vista.
Os dois desafios – do trabalho digno e da inclusão social para todos e da proteção do clima e do meio ambiente – são urgentes e estão estreitamente ligados. Uma transformação decisiva com vista à sustentabilidade ambiental pode ser fonte de mais e melhores empregos. A OIT e a União Europeia estabeleceram uma parceria para gerar trabalho digno e empregos verdes numa economia sustentável que está a dar frutos na Europa, em Portugal e no mundo.
A Europa duplicou os seus esforços em 2014 através da “Iniciativa Emprego Verde”. Segundo um relatório do Parlamento Europeu de julho de 2015, as políticas atuais da União para proteger o clima e o meio ambiente poderão criar 2 milhões de empregos adicionais no ano 2030.
Portugal tem participado nesta transformação sendo um dos cinco países da União com uma política coerente para fomentar a geração de empregos através de crescimento verde. Um dos êxitos do país prende-se com o crescimento expressivo das energias renováveis já que 36% do consumo final de energia é satisfeito com recurso às mesmas. Em Portugal a economia verde resistiu muito bem à crise. Entre 2007 e 2010 o mercado de tecnologia verde cresceu 11,8% por ano. A manutenção das políticas que permitiram o desenvolvimento deste sector, mesmo durante o processo de ajustamento orçamental, foi uma decisão acertada. Estima-se que a procura de bens e serviços verdes mais que duplique até 2025 chegando a 4.400 mil milhões de euros.
Uma das fontes mais interessantes para mais empregos na Europa é o aumento da eficiência no uso de recursos. As empresas e as economias europeias poderão economizar 630 mil milhões de euros até 2030 se aumentarem a eficiência no uso de recursos em 2% por ano. O resultado seria um PIB superior em 1% e mais 2 milhões de empregos.
Um novo acordo global e ambicioso sobre o clima é urgente. Rumo à cimeira de Paris em dezembro, a mensagem é clara: investir no clima pode gerar emprego e a UE deveria liderar este processo e apoiar outros países a beneficiarem de boas políticas ambientais.
Peter Poschen
Diretor do Departamento de Empresas da OIT