Pedro Cabrita Reis conclui escultura do museu ar livre

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Escultor interviu 17 anos depois na obra “uma escultura para Santo Tirso”

 O escultor Pedro Cabrita Reis, que inaugura uma exposição inédita no Museu Internacional de Escultura Contemporânea na próxima terça-feira, concluiu a obra da sua autoria que integra o acervo de 54 esculturas ao ar livre dispersas pela cidade de Santo Tirso. Dezassete anos depois, “a obra está finalmente terminada”, refere o artista.

Convidado, em 2001, por Alberto Carneiro para integrar o projeto do Museu Internacional de Escultura Contemporânea ao ar livre, Pedro Cabrita Reis criou «Uma escultura para Santo Tirso». “Foi impecavelmente” realizada pelos técnicos da Câmara Municipal, “segundo os meus desenhos, no local por mim escolhido, perto da cascata, poderoso e belo «objeto» na cidade que confere ao lugar uma especial magia”, recorda o escultor.

A obra foi inspirada “durante um desses passeios de moto” que gosta de fazer “pelas estradas pequenas, longe da velocidade monocórdica das autoestradas”. “Vi-a numa planície qualquer no Alentejo, ao fim de um dia tórrido. Era um casinhoto tosco feito com tijolos, afastado da estrada, no meio de uma planura seca, quase sem árvores. Albergaria provavelmente um motor de rega, não consegui chegar perto. O arame farpado que cercava o terreno afastou-me”, descreve.

Depois de desenhar o projeto, “calculando as medidas «a olho», a escultura que começara numa viagem de moto pelo Alentejo”, encontrou o seu lugar em Santo Tirso. Contudo, aponta, “nunca cheguei, nessa altura, a terminar a obra”, ficando “combinado com o Alberto que mais tarde passaria por Santo Tirso para completar o trabalho”.

“De uma forma divertida e algo carinhosa, «Uma escultura para Santo Tirso» é conhecida localmente como «A Casa do Motor», nome popular que (afinal, haverá coincidências, destinos? talvez… nunca saberemos.), vai ao encontro da função original do modelo que está na sua origem o qual imagino que ainda possa estar nesse mesmo lugar do Alentejo onde o vi e aonde nunca mais voltei”, conta Pedro Cabrita Reis.

Agora que, 17 anos depois, “a Obra está finalmente terminada talvez volte a fazer essa viagem um dia destes. Poderei ver qual é melhor, se o Modelo, se a Obra”, refere, acrescentando que “todas as obras de arte são testemunho da passagem do tempo”.

Depois desta intervenção, explica o escultor, “a «pele» de «Uma escultura para Santo Tirso» revela agora a erosão, que essa passagem deixa como marca e, se no nosso corpo se vão lendo as marcas dessa passagem, ao menos da arte, sabemos que perdurará muito para além do nosso breve e fugidio tempo”.

O Museu Internacional de Escultura Contemporânea é composto por 54 esculturas dispersas pela cidade. As obras, da autoria de 53 escultores nacionais e internacionais, estão localizadas em jardins, parques e praças do Município, em seis polos diferentes, e são fruto de um projeto que se iniciou em 1991 com o escultor Alberto Carneiro e o presidente da Câmara Municipal de Santo Tirso, Joaquim Couto.

O culminar deste projeto ocorreu em 2016, com a inauguração da sede do Museu Internacional de Escultura Contemporânea, um projeto da coautoria dos arquitetos Eduardo Souto de Moura e Álvaro Siza Vieira.

 

 

 

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