O Serviço de Pediatria/Neonatologia e Obstetrícia/Ginecologia do Centro Hospitalar do Médio Ave organizou, no auditório da Biblioteca Municipal de Santo Tirso, um colóquio subordinado ao tema “Venha saber como vai nascer o seu bebé”, dirigido a grávidas e futuras mães.
As sessões pedagógicas abordaram os tipos de parto e as suas indicações clínicas, esclarecendo como preparar o dia do nascimento, para além de informar sobre as vantagens e desvantagens de cada tipo de parto para o recém-nascido e ensinar quais os primeiros cuidados a oferecer ao bebé.
Este colóquio visou também dar a conhecer as assinaláveis condições de atendimento da Maternidade do Centro Hospitalar do Médio Ave.
Deste modo, a visão do Obstetra e o ponto de vista do Pediatra foram complementadas com as exposições práticas das Enfermeiras Especialistas em Saúde Materna e Saúde Infantil, assim como o relato de experiências por parte de pais.
É ainda de salientar a elevada adesão ao colóquio.
AS SESSÕES
A primeira palestrante, a Dra. Maria Manuel Torrão – médica obstetra, começou por abordar os vários tipo de parto (eutócico ou vaginal, cesariana e os partos instrumentados com fórceps ou ventosa) e as suas indicações clínicas. Reforçou a noção de que um bebé saudável deve preferencialmente nascer por parto normal e que a cesariana deve ser reservada para as situações em que esse não é possível. Salientou que uma cesariana realizada sem justificação médica implica graves consequências para a mãe, que podem mesmo levar à morte desta, seja por infeção ou por tromboembolismo, como também associam ainda a maior risco de complicações anestésicas, de lesões urológicas, de hemorragia grave e de necessidade de transfusão sanguínea.
Na segunda sessão, dirigida pelas Enfermeiras Paula Paulino e Joaquina Moreira, foram explicadas manobras de preparação para o parto, nomeadamente exercícios de relaxamento. Foram enumerados os vários items a não esquecer na mala do bebé e na mala da mãe antes do dia do nascimento. Foram ainda abordadas as indicações clínicas e vantagens da analgesia epidural e desmistificaram alguns receios.
A terceira sessão incidiu sobre as consequências do tipo de parto para o recém-nascido e foi ministrada pela Dra. Diana Bordalo, médica pediatra. Se nascer por cesariana o bebé tem risco aumentado de sofrer complicações respiratórias logo nos primeiros dias de vida, de vir a ter diabetes mellitus e asma na infância e até de ser amamentado durante um menor período de tempo. Pelo contrário, o nascimento por parto normal permite que ocorra uma adaptação gradual e lenta do bebé ao stress do próprio parto, o que leva a aumento também progressivo de hormonas e à adequada regulação do seu sistema imunitário. O contacto do bebé com a flora materna ao passar no canal vaginal é também protetor, associando-se a menor risco de infeções gastrointestinais nos primeiros meses de vida, menor risco de doença respiratória neonatal e de asma.
Na penúltima sessão, apresentada pelo Enfermeiro Ricardo Azevedo, foram revistos os cuidados efetuados ao recém-nascido desde o momento do parto até à altura em que terá alta da Maternidade. Foi explicado como e quando preparar o primeiro banho. Reviram-se os cuidados a ter com o coto umbilical, que deve ser mantido seco e sempre acima da fralda, a vacina a ser administrada antes de ter alta (contra o vírus da hepatite B) e o rastreio auditivo neonatal que se efetua em todos os recém-nascidos.
Por último, decorreu o testemunho de um casal cujo filho nasceu na Maternidade do CHMA.
Ao encerrar o Colóquio reforçou-se a noção de que a decisão sobre o parto deve ser tomada em equipa (composta pelos futuros pais e pelos profissionais de saúde), ponderando riscos e benefícios e esclarecendo sempre quaisquer receios. Se a Organização Mundial de Saúde considera que taxas de cesarianas superiores a 10% “não estão associadas a redução da mortalidade materna nem neonatal”, então a sua realização deve ser criteriosa.