Tratamento da hérnia inguinal em regime de ambulatório

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Artigo de Opinião de Dr. Carlos Magalhães, Cirurgião Geral e Presidente da Associação Portuguesa de Cirurgia Ambulatório (APCA).

 As hérnias da parede abdominal apresentam elevada prevalência na população. As mais comuns, cerca de 90 por cento, são hérnias inguinais. Estas representam, a nível mundial, o procedimento cirúrgico mais realizado na área de cirurgia geral.

A hérnia inguinal ocorre quando os tecidos do interior do abdómen se exteriorizam por um ponto de fraqueza da parede muscular abdominal na região inguinal, surgindo sobre a forma de uma tumefação na região da virilha.

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Na maioria dos casos os sinais ou sintomas de hérnia inguinal consistem numa tumefação ou abaulamento da parede abdominal, que se torna mais visível quando se tosse ou realizam múltiplos esforços, podendo estar ou não associada a presença de dor local. Esta tumefação tende a crescer gradualmente e poderá vir a sofrer complicações – hérnia encarcerada ou hérnia estrangulada. No entanto, em alguns casos de hérnia inguinal não existem sintomas ou sinais, sendo o seu diagnóstico realizado em consultas ou exames de rotina.

O diagnóstico da hérnia inguinal pode-se realizar pela avaliação clínica e exame físico da parede abdominal e, nos casos duvidosos, o médico pode solicitar uma ecografia ou outros exames para confirmar o diagnóstico.

A opção cirúrgica é a única eficaz para o tratamento da hérnia inguinal. Existem várias técnicas cirúrgicas que foram desenvolvidas nas 2 últimas décadas, passando todas elas pela colocação  de uma prótese (malha) de reforço da parede abdominal.

O tratamento cirúrgico desta patologia pode ser feito na quase totalidade dos casos em regime de ambulatório, sendo uma opção que garante elevados níveis de qualidade e segurança.

A abordagem laparoscópica apresenta numerosas vantagens comparativamente às técnicas clássicas, como, por exemplo, redução da dor no pós-operatório, melhores resultados cosméticos, melhor recuperação para as atividades diárias e laborais (o paciente demora, em média, 4 dias a retomar o seu quotidiano e 10 dias a retomar a sua vida laboral) e maior efetividade de custos.

Esta abordagem, utilizada desde os anos 90, é considerada como a primeira escolha em muitos centros de referência e é uma opção recomendada pela Sociedade Europeia da Hérnia, principalmente nas hérnias inguinais bilaterais, nas hérnias recidivadas e no tratamento de indivíduos jovens ou desportistas.

Apesar de nas últimas décadas terem sido descritas várias técnicas e desenvolvidos vários materiais, para o tratamento da hérnia inguinal, ainda nenhuma delas se conseguiu sobrepor.

A cirurgia em regime de ambulatório tem tido, nos últimos anos, em Portugal, um desenvolvimento positivo, sendo que o principal fator de sucesso e desenvolvimento tem sido a sua característica multidisciplinar, envolvendo diferentes grupos profissionais, assim como a garantia de segurança e de elevados índices de qualidade no tratamento dos nossos doentes.

 

 

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