Portugueses compram mais roupa e calçado de marcas estrangeiras

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Baixo nível de vida e elevado preço dos artigos são as principais razões apontadas para o menor volume de compras “made in Portugal”

Com o aumento do reconhecimento internacional dos setores do calçado, do têxtil e do vestuário português, o orgulho e a consciência dos portugueses para a importância de privilegiar o consumo de produtos nacionais aumenta. Porém, ainda são poucos os que realmente o fazem. É esta a principal conclusão do recente estudo do IPAM – The Marketing School que, com o contexto económico vivido no país, quis perceber se os portugueses sentem a necessidade de comprar roupa e calçado portugueses.

O estudo teve como base a realização de um inquérito junto de 500 consumidores, em que os resultados apurados mostram que para apenas 1,7 por cento dos inquiridos o vestuário português representa a totalidade das compras de vestuário. Paralelamente, no setor do calçado – apesar de se registar uma ligeira melhoria no comportamento dos consumidores, com 14,4 por cento a comprar, exclusivamente, marcas portuguesas – verifica-se que um em cada quatro consumidores não tem no seu cesto de compras um único par português.

A investigação revela ainda que quanto maior é a idade dos inquiridos, maior é a valorização e vontade de compra de vestuário e calçado nacionais, o que denota uma postura etnocêntrica em relação aos produtos “made in Portugal”. Já nos mais novos, verifica-se uma atitude internacionalista, impulsionada por uma vivência social inserida numa sociedade globalizada, onde os jovens se sentem mais motivados a consumir marcas globais.

Em todo o caso, e relativamente ao período em análise, metade dos inquiridos (50,1 por cento) admite ter, pelo menos, uma peça de vestuário português no cesto de compras e 39,2 por cento tem, pelo menos, um par de sapatos com etiqueta nacional. Os portugueses reconhecem a qualidade e a durabilidade dos produtos nacionais, mas continuam a consumir, maioritariamente, produtos estrangeiros, em que 29,2 por cento dos inquiridos se assume contra a imposição de taxas mais altas aos produtos importados e 53,8 por cento discorda que os produtos estrangeiros devessem ser proibidos no mercado português.

“Made in Portugal”: vontade de comprar, menor poder de compra

Apesar da preferência pelo calçado e vestuário com etiqueta nacional, e de 90 por cento dos inquiridos concordar com a ideia de que comprar nacional é também ajudar a economia portuguesa, a explicação para a reduzida compra efetiva de produtos portugueses deve-se, em grande parte, e na opinião de 60 por cento dos inquiridos, ao elevado preço dos artigos. Esta última conclusão do estudo, realizado pelas investigadoras Paula Arriscado e Márcia Monteiro do IPAM, está diretamente associada ao nível de vida dos portugueses, em que dois em cada três inquiridos assume não ter um bom nível de vida e mais de metade (51,9 por cento) considera que os portugueses estão a caminhar para a pobreza.

 

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